Viver é um contínuo exercício de escolher permanecer. Nem sempre se é, nem sempre se respira (às vezes, só a intervalos) mas espera-se. Um limbo perpétuo, um purgatório (com algumas subidas de elevador para círculos dantescos de Inferno e escapadelas ao Céu). Fujamos da nossa habitual melancolia. Escrever é um antídoto para a morte. É uma outra vida, uma vida desdobrada em sílabas, tons, paralaxes, edição. Rasurar o tempo todo. Rasgar.
O teatro é muitas vezes-ainda- o lugar de uma recriação do mundo, uma cópia, um simulacro. Sempre em relação ao mundo e não fora deste. O palco é uma realidade independente e por isso pode pensar-se e ordenar-se como outro planeta, com regras diferentes. Ou, como digo há muitos anos, o teatro é o único local onde o espaço não existe e o tempo se suspende.
Living is a continuous exercise of choosing to stay. We are not always breathing (sometimes, there are only intervals) but we wait. A perpetuos limbo, a purgatory (with some elevator rides to Dantesque circles of Hell and escapes to Heaven). Let us run from our continuous melancholy. Writing is an antidote to death. It is another life, a life that unfolds in syllables, tones, parallax, editing. Ripping out all of the time. Tearing it.
The theatre is a lot of the time – still – the place where the world is recreated, a copy, a simulation.
A relation to the world, and not what is outside it. The stage is an independent reality and for that we can think and shape as another planet, with different rules. Or, as I say it, for a long, long time, the theatre is the only play where space does not exist and where the time gets suspended.
WOS #2, A CRIAÇÃO