LÍDIA MARTINEZ
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LÍDIA MARTINEZ

Vim com uma mala cheia de desenhos, livros, discos, mais desenhos, cheguei à gare d’Austerlitz. A entrada na Belas-Artes de Paris foi atribulada, aconteceu uma situação de sequestro e assédio sexual desde o primeiro dia. Podia ter ficado com medo, mas não. Trabalhei em vários ateliers, larguei tudo em 1979. Assim que o meu filho entrou para creche, fui estudar dança, pantomima, acrobacia, e máscara na escola polaca em Paris, Magénia. Diplomei-me ao fim de 3 anos e criei pequenos solos performativos – que apresentei na Alemanha, Polónia, França e Portugal. O meu trabalho de artista plástica incorporou logo o espaço cénico, os figurinos são uma parte da peça que delimita ou liberta o corpo, tem uma importância enorme na obra, assim como os elementos cénicos que se organizam no espaço, como respirações tácteis. De certeza que comigo tudo começou com a dança e terminará com ela. Os meus trabalhos sempre se fragmentaram porque o pensamento não é linear, a visão ouve certamente um canto antes de o poder contemplar, ouvimos vendo, mexemo-nos guardando uma certa imobilidade interior, tudo se constrói em chamamentos contraditórios.


I came with a suitcase full of drawings, books, records, more drawings, and arrived at the Gare d’Austerlitz. The entrance to the Fine Arts in Paris was difficult, from the first day there was a situation of kidnapping and sexual harassment. I could have been scared, but no. I worked in several ateliers, and left everything in 1979. As soon as my son entered daycare, I went to study dance, pantomime, acrobatics, and mask at the Polish school in Paris, Magénia. I graduated after 3 years and created small performative solos – which I presented in Germany, Poland, France and Portugal. My work as a visual artist immediately incorporated the scenic space, the costumes are a part of the piece that delimits or frees the body, it has an enormous importance in my work, as well as the scenic elements, like tactile breaths. With me it all started with dance and will also end with it. My pieces have always been fragmented because my thoughts are not linear, sight certainly hears a song before being able to contemplate it, we hear by seeing, we move while maintaining a certain interior immobility, everything is built on contradictory callings.

WOS #1, CRIADORAS